Como ensinar o valor do dinheiro para as crianças?
Navegando pela internet me deparei com um anúncio de tênis infantil, uma marca de boa qualidade, com preço baixo. Falei para o meu marido: Nossa, que barato! R$ 50,00 o tênis X. Continuei minha navegação e em poucos minutos já havia esquecido do anúncio.
Alguns dias depois, meu filho me pediu para comprar itens de um joguinho que ele tem instalado no tablet. Perguntei o valor, era R$50,00 e minha reação foi: Isso é muito caro!
Ele, com toda sua persuasão de 5 anos, me respondeu: "Mas você disse que R$ 50,00 é barato.", lembrando do comentário que fiz a respeito do tênis há alguns dias atrás.
E aí me surgiu o desafio: como explicar que a mesma quantidade de dinheiro pode ter diferente valor? Ele tinha razão em pensar que minha reação aos 50 reais do jogo deveria ser a mesma reação dos 50 reais do tênis, a cabeça de criança é simplista.
Argumentei que um tênis é algo importante e necessário, não podemos andar descalços nos lugares que precisamos ir, com ele podemos jogar bola, ir à escola, passear (quando a pandemia acabar) e que ele costuma durar bastante tempo.
Já os itens do jogo, ele usaria por pouco tempo, iria jogar um pouco e iria enjoar bem rápido, aproveitaria aquilo por algumas horas somente e usaria um dinheiro que poderia ser aproveitado de outra maneira (conceito chamado de custo de oportunidade).
Pedi que ele me dissesse uma coisa que gosta muito de fazer (não valia dizer que era jogar no tablet, crianças são perspicazes), a resposta foi: tomar sorvete e andar de patinete!
Ótimo, era o que eu precisava. Expliquei que poderíamos ir até a padaria andando de patinete para comprar sorvete e com 50 reais seria possível fazer isso várias vezes. O entusiasmo foi imediato, ele achou muito melhor poder fazer repetidas vezes algo que gosta tanto, ao invés de jogar por algumas horas.
A situação me fez refletir que existem coisas que são necessárias e sempre precisaremos comprar. Se acharmos por um bom preço, melhor ainda. Mas acredito que o verdadeiro valor do dinheiro é saber gastá-lo com coisas que nos proporcionem felicidade, avaliar que momento prazeroso poderíamos ter com o valor que usaríamos para o consumo de impulso, ou o quanto aquele gasto nos afastaria das nossas reais metas.
Vanessa Viana, contadora, pós graduada em Controladoria, com 14 anos de experiência contábil e financeira em grandes multinacionais e sócia da CR Moving.
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